sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O dia seguinte

    Passei o dia pensando em que escrever para o último dia do ano de 2010. Se eu falar sobre o Lula serei redundante, pois toda a mídia só fala dele e o exalta como o político nota dez do Brasil. Falar sobre as corrupções do governo brasileiro também não acho legal. Afinal, já criamos uma casca que nos calejou à essas tristezas que nos batem na cara e que todos os dias nos jornais nos recordam que somos governados por uma maioria de corruptos.  Nada veio à cabeça. Peguei minha bicicleta e fui ao parque do Ibirapuera. No caminho, a praça ao lado da minha casa me lembrou que vi igual sujeira no Sudão, país com 90% da população pobre. Na Vila Nova Conceição meninos faziam malabarismo com bolas de tênis para tentar tirar um trocado. Mendigos com o olhar sem objetivo, ali apenas por viver. Famílias que moram nas ruas com as crianças que ficam a mercê dos adultos e são obrigadas a pedir dinheiro no farol. Já no parque, vi as pessoas passeando, divertindo-se com filhos e amigos, esperando a zero horas. 
    Ainda na pedalada lembrei da viagem aos Estados Unidos e de como a estrutura e a organização das ruas de Washington, a capital,  e de Nova York são surpreendentemente melhores que as nossas.
    Juntando todos os conhecimentos deste ano e batendo no meu liquidificador de idéias, chego a conclusão de que somos um meio termo entre África e Estados Unidos. Mais para África. Sério! Penso isso mesmo. Quanto ainda temos que caminhar para chegar a ser um país desenvolvido, se é que um dia conseguiremos, com essa quantidade enorme de analfabetos, mal instruídos e desempregados sob o comando de governantes “olhos gordos”, que não podem ver cinco reais que catam.
    O jornalista Laurentino Gomes, em seu livro 1822, descreve as descobertas que obteve em suas investigações, que apontam um Brasil à beira da independência, com uma grande maioria de analfabetos e com um bando de corruptos no governo. Enquanto que na América do Norte os escravos já liam e escreviam.
    Poderia escrever até 2011, mas para um blog seria demais e não quero cansar ninguém. Então fico por aqui contido, preso à realidade que me cerca e que acredito que um dia mudará, fazendo um Brasil merecedor de tanta popularidade presidencial.
Feliz Ano Novo !

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mãos ao alto

    Anteontem aconteceu o 24º arrastão em condomínio residencial, em São Paulo. Moradores e porteiros sequestrados, apartamentos saqueados e os bens levados. O prédio assaltado na Alameda Jaú, próximo a Avenida Paulista, um dos pontos nobres da cidade paulistana, não ofereceu dificuldades à ação dos marginais, que apenas encostaram o carro no portão como se fossem moradores querendo entrar, assim tiveram acesso fácil. O porteiro, sabe-se lá o porquê, deixou os bandidos entrarem sem averiguar com cautela quem eram àqueles dentro do veículo.
    Já somos vítimas da pobre qualidade da segurança pública que nos é oferecida, e agora temos que manter o mesmo sentimento pelos porteiros que claramente não são mais capacitados para abrir e fechar portões nos condomínios nobres da metrópole. No fim das contas, parece que a melhor coisa a fazer é gastar mais e contratar segurança especializada, composta por ex-policiais e homens treinados como são treinados os defensores da lei.  Não basta o imposto que pagamos, temos que pagar a mais para nos sentir seguros. Chegamos ao ponto de não poder ter simples guaritas trabalhando na porta de nossas residências. Precisamos de polícias particulares, e ainda quem sabe, no futuro, precisaremos de um exército particular para impedir que criminosos invadam e ameacem a segurança das famílias. Enfim, fica o alerta: quando voltar para sua casa, cuidado, você pode ser assaltado dentro dela.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Fazendo a lição de casa

    Continuando a falar sobre as anistias, que livram a barra de militares que cometeram crimes durante as ditaduras na América Latina. Na FOLHA deste domingo a manchete “Família faz Uruguai repensar anistias” traz à tona a história de uma das vítimas das ditaduras, no caso do Uruguai, mas serve para todos. Mulher ativista política de 24 anos, presa por ser do movimento comunista dos Tupamaros, foi torturada e assassinada por militares. O laudo de óbito dos militares apontou suicídio, claro (igual ao do jornalista Vladimir Herzog). A família recorreu a justiça e conseguiu colocar os dois oficiais criminosos, um na ativa e outro da reserva, atrás das grades.  Nibia Sabalsagaray é uma das vítimas da loucura que é dar poder sem limites a militares. Existem muitas Níbias que morreram nas mãos das ditaduras e que até hoje não tiveram a honra lavada porque a Lei de Anistia protege criminosos (não há outra definição).
    No Brasil nunca será tarde para se criar um caminho como o seguido pela justiça Uruguaia. Não é possível que as dores e as injustiças cometidas contra a liberdade de expressão e ativismo político na ditadura ficarão sem condenação justa. O quê faz a justiça brasileira relutar tanto quanto à posição tão honrosa diante daqueles que são parte do país? São brasileiros afinal. Querem justiça.
    Apesar de que, com tantos escândalos políticos ligados a corrupção do dinheiro público, pode-se desencadear futuramente uma revolta popular. Uma insatisfação sem precedentes poderia exigir a presença do exército nas ruas. Muito além das fronteiras das favelas. E como culpar quem poderia ser útil no futuro?
    Sim, acredito num sem vergonha acordo entre poderosos para garantir sempre um apoio em caso de emergência. Afinal, temos uma oligarquia no poder.
    Temo sim um futuro onde nem mesmo artigos como os meus possam ser escritos livremente, sem perseguição. O passado serve de aprendizado para o futuro.
    Parabéns ao uruguai por fazer, nesse caso, justiça de verdade. Para terminar fecho com a frase do uruguaio Juan Sabalsagaray, irmão de Níbia Sabalsagaray, que serve para todos os governos que protegem criminosos: “É ilógico que exista essa lei. Minha irmã morreu e eu quero saber o que aconteceu. Estamos cansados de ouvir a histórinha do suicídio. NÃO HÁ NADA MAIS ANTIDEMOCRÁTICO DO QUE O ESTADO IMPEDIR A APURAÇÃO DE UM CRIME”.
   

sábado, 25 de dezembro de 2010

Nunca é tarde para avançar

    A condenação do ditador argentino Jorge Videla à prisão perpétua esquentou a cabeça de muitos que gostariam de ver os torturadores e assassinos do regime militar no Brasil (1964-1985) serem condenados pelos atos deles. Porém a Lei de Anistia de 1979, que limpou a barra dos militares brasileiros, ainda é válida no país e tanto no governo FHC, quanto no governo Lula, nada foi discutido a respeito para anular tal lei.  O debate em torno do assunto seria um passo para colocar fim à agonia de centenas de famílias, que até hoje sequer, sabem onde estão parentes desaparecidos durante o regime militar brasileiro.
    O próprio caso do suposto suicídio do jornalista Vladimir Herzog, talvez, encontraria uma explicação mais plausível para a morte dele dentro de uma cela do regime militar.
    Ao contrário do que já foi apontado pelo companheiro jornalista e colunista da FOLHA, Clóvis Rossi, por exemplo, penso que no governo Dilma Rousseff há sim que se levantar a discussão sobre o fim da Lei de Anistia.
    Sem essa de que seria uma revanche ou mais popularmente conhecida vingança, do lado daqueles que um dia foram as vítimas. Como a própria presidenta eleita, vítima de tortura durante o militarismo. Uma possível anulação da Lei de Anistia faria nascer um caminho mais seguro para o crescimento da liberdade de expressão no Brasil. Fortaleceria mais a democracia e traria alívio para os que querem saber onde estão seus entes queridos, que durante o regime militar, na maioria das vezes, queriam protestar e expressar suas idéias políticas e acabaram sumindo, como se nunca tivessem existido.
    Não é tarde, não há revanchismo, nem vingança. O que há é a necessidade de esclarecer  verdades e resgatar a dignidade de pessoas que tiveram famílias, que vivem hoje com um vazio no peito e de outras que foram vítimas de torturas, espancamentos, estupros e outras atrocidades.
    Que 2011 venha cheio de realizações e que um assunto tão relevante, como a queda da Lei de Anistia, esteja na pauta do governo eleito. Assim quem sabe poderemos começar a ver um país com um futuro verdadeiramente mais justo e seguro a todos. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Guantánamo para sempre

    O Congresso americano aprovou projetos de investimentos na guerra contra o terrorismo. Entre esses eles estão algumas medidas que complicam ainda mais a vida de terroristas e supostos terroristas que estão na prisão da Baía de Guantánamo. Em resumo a decisão que envolve os prisioneiros é de que nenhum tipo de verba americana pode ser usada para transferir presos acusados de terrorismo, nem mesmo para serem julgados. Também proíbe que qualquer terrorista possa ser levado para dentro da casa o tio Sam. No meu entendimento seria um tipo de: deixem esses caras ai presos e bem longe de nossas fronteiras.
    Para quem sofreu o atentado de 11 de setembro e viu um carro bomba quase explodir, em abril deste ano, num dos mais movimentados pontos turísticos de Nova York, a Times Square, é compreensível que todo o possível seja feito para impedir que qualquer ato terrorista volte a atingir a população dos Estados Unidos. E isso envolve a segurança de pessoas de todas as nacionalidades, incluindo cerca de 6 milhões de muçulmanos que vivem na tão sonhada América.
    O presidente Obama não falou a respeito das novas dificuldades impostas para a desativação de Guantánamo, uma das promessas de campanha dele, mas afirmou que continua compromissado em fechá-la, pois à vê como ferramenta para incentivar novos alistamentos em exércitos terroristas. A verdade é que, enquanto grupos terroristas continuam fortes e agindo, será bem melhor aos Estados Unidos e a todo o Ocidente que pessoas como Khalid Sheikh Mohammed, acusado como um dos mentores dos terríveis ataques às torres gêmeas, continue sem oferecer riscos potenciais a segurança de pessoas inocentes. Afinal, pagar sangue com sangue é uma das maiores ignorâncias praticadas em diversos locais do mundo.

Foto: Vista da cidade de Nova York, sem o World Trade Center, que foi um dos alvos dos atentados de 11 de setembro de 2001
Fotógrafo: André Lara

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Revendo os inimigos


    Eu tinha sete anos quando a ditadura no Brasil caiu, ou melhor, começou a cair. O que lembro é do cortejo do funeral do então presidente eleito Tancredo Neves. Com uma câmera fotográfica de brinquedo nas mãos, eu tirava fotos da televisão. É o máximo que me recordo. Com os estudos conheci os horrores da repressão militar e até hoje vou conhecendo os rastros fúnebres e malditos que deixou na história do Brasil e da América Latina. Rastros que continuam se estendendo nos regimes ditatoriais espalhados pelo mundo.
    Ontem o ditador da extinta ditadura argentina Jorge Videla, foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato de 30 presos politicos. Que bom, menos um. A ditadura na Argentina (1976-1983) teve como resultado 30 mil pessoas mortas e desaparecidas. Outros 800 réus aguardam julgamento e 66 pessoas, entre militares e civis, já foram julgados por repressão contra o próprio povo durante a ditadura.
     Como em todos os regimes militares, assassinatos, estupros, sequestros de pessoas e bens, roubo de bebês, torturas e perseguições acontecem. O que os ditadores esqueceram ou talvez se fizeram ignorar era a chegada do futuro, onde seus alvos se tornariam o Estado. Dai meu caro leitor, prevalece uma velha máxima de que quem bate esquece e quem apanha quer vingança. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Erros na saúde pública


    Já gravei muito em hospital. Já testemunhei alas lotadas, gente no chão, idosos gemendo de dor sem remédio, crianças nas longas filas de atendimento, quando eram pra serem atendidas de imediato. O sistema de saúde pública do Brasil é fraco. Para se ter idéia, já vi médico ter de improvisar no meio da cirurgia por falta do aparelho correto. Falta até linha apropriada para sutura. Também, já vi bebê entrar para cirurgia e depois do ato, o médico dizer aos pais que o diagnóstico dado antes não era correto e que outro procedimento será feito com a criança, que indefesa, fica sob a proteção de pais, normalmente vitimas da indução a ignorância deste Estado. Na certeza de que é impossível contestar a autoridade médica, acatam as ordens dos profissionais da saúde e só sabem rezar e pedir a deus ou aos deuses que amparem o filho deles de uma desgraça, como uma injeção errada de vaselina liquida na veia.  
    A morte da menina Stephanie, de 12 anos, assassinada por uma auxiliar de enfermagem que não se deu o trabalho de fazer a própria obrigação e ver o que iria injetar na criança, não deve ser visto como caso isolado de erro médico. Há pessoas que têm a perna amputada erroneamente. Cirurgias feitas que nunca deveriam ter acontecido.
    A única verdade é que pessoas pagam planos de saúde, que nem sempre são honestos com seus contratantes, afim de se verem livres da incompetência do atendimento público de saúde. Certa vez tive a oportunidade de entrevistar o doutor Carlos Barradas, então Secretário de Saúde de São Paulo. Durante a entrevista o doutor Barradas apresentou as grandes premissas da ação do Estado na área da saúde. Deixei a última pergunta como um coringa guardado na manga, e questionei o então secretário de saúde do Estado, se ele e a família dele eram atendidos pelo SUS ou se tinham convênio medico. A resposta é óbvia.
    Sistema de saúde de qualidade no Brasil é só pra quem tem dinheiro, e muito, pois não é barato. E os pobres que aguardem nas filas, e cuidado com a vaselina, com as amputações erradas, etc...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sudão há um ano


     Tento sintetizar neste artigo as experiências que vivi, em dezembro de 2009, quando viajei ao Sudão, na África. Lá produzi uma série de reportagens chamada “Sob o Sol do Sudão”, exibida em janeiro de 2010, pelo SBT. Conheci a capital Cartum e uma das regiões mais violentas e miseráveis do mundo, Darfur, no oeste do país. Darfur lembra o velho oeste, dos filmes americanos. É o lugar perfeito para antigas disputas entre cowboys armados. A comparação se deve à condição ruim que se encontra Darfur. Rica em petróleo, a região viveu 40 anos de uma guerra civil que,  há seis anos,  está “paralisada”. Como resultado da guerra, mais de 2 milhões de pessoas fugiram. Trezentas mil pessoas morreram, segundo as Nações Unidas. Região saariana, onde chuva é coisa rara, a tristeza da guerra juntou-se ao desespero da luta pela vida.  Homens, mulheres, crianças, idosos, definhavam de sede e fome em frente às câmeras da mídia mundial. Hoje a situação é melhor? Talvez, mas não torna as condições de vida dos habitantes menos tensa e castigada. O Sudão sofre embargo econômico dos Estados Unidos e países aliados. O presidente, Omar Al Bashir, há 40 anos no poder, e recentemente “reeleito” mais uma vez, é acusado de crimes de guerra pelo Tribunal Internacional de Haya.
     Na disputa entre os poderosos quem sofre é o povo. Faltam água, comida, remédios, escolas, hospitais, saneamento. O lugar é paupérrimo. Além disso vive sob uma ditadura militar islâmica. Oposição política existe, mas é abafada. Liberdade de expressão é algo perigoso de se praticar.

A capital
     Cartum, é uma cidade interessante e bonita. Lá, se encontram o Rio Nilo azul com o Nilo Branco, formando o Rio Nilo, que desagua no mar Mediterrâneo, ao Norte do Egito. Águas que, segundo a Bíblia, carregaram o bebê e profeta judeu Moisés para os braços da mulher do Faraó, dando origem à história mitológica do povo judeu. Também foi inspiração para o filme que leva o nome da capital, “Cartum”, filmado em 1966. A casa do general inglês Gordon (em deterioração) e a do revolucionário muçulmano Mahdi (bem conservada) estão abertas à visitação.
     Os habitantes locais tomam a água turva que vem do Nilo. Pouquíssimos têm dinheiro para comprar água engarrafada. A energia elétrica é pré paga e quem não pagar fica à luz de velas rapidinho.

As pirâmides dos Núbios
     Ao Norte de Cartum, seguindo pela estrada construída com investimentos do homem mais procurado do mundo, o saudita Osama Bin Laden, que morou no Sudão na década de noventa, chega-se as ruínas das pirâmides daqueles que são chamados de “os faraós negros”. Cerca de vinte pirâmides do império Núbio estão se decompondo aos poucos. As que receberam restauração ficaram muito diferentes das originais. Todas agora parecem abandonadas e em deterioração.

Visão geral
     Nas ruas há peculiaridades culturais muito interessantes, como as pinturas de henna que as mulheres casadas usam, as lutas livres em bairros cristãos, disputadas em arenas rudimentares. Por todo canto, há bares para fumar narguilé, típico cachimbo árabe, pois a proibição do alcool só deixa essa opção como diversão noturna aos habitantes. Mulheres vestidas de burca, veste islâmica que cobre todo o corpo e só deixa os olhos de fora, são  vistas andando para todos os lados, algumas com  as mãos cobertas com luvas. Mercados tradicionais de rua, onde se vendem carne e peixe ao ar livre e sem refrigeração. Vendem também marfim e cabelo de elefante.
     O Sudão enfrenta há tempo um processo de separação da parte Sul, que não consegui visitar. No sul,  a lei islâmica não é  obedecida por causa da resistência sócio-cultural dos povos da região.  Oficialmente, a questão vai ser decidida em plebiscito marcado para o primeiro semestre de 2011.  Ainda é uma incógnita se tudo ocorrerá em paz. Espero que tudo ocorra da melhor forma possível e o povo sudanês, carinhoso e receptivo, avance em direção a um futuro melhor.

Foto: Guia turístico dentro de uma das pirâmides do Sudão
Fotógrafo: André Lara


      

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

TVA - A crítica

Uma impressionante incompetência me assustou esses dias atrás. Estou mudando de casa e no meio de todo o trabalho para estar no novo lar, a TVA me ajudou a ficar mais cansado. Tenho o serviço de internet, faz dois anos, então, resolvi colocar a TV por assinatura. Minha vontade era dar a minha família a oportunidade de entretenimento pela televisão. Apesar de não perder muito tempo na frente da "telinha", minhas crianças querem ver desenhos, minha mulher assiste os programas que ela gosta. Entretenimento! Só isso eu queria oferecer, ou melhor, comprar à família amada. Liguei, negociei e comprei o produto. Os telefonistas da TVA, muito educados realizaram uma negociação justa para a TVA e eu fecharmos negócio. Vieram instalar os aparelhos em casa. Então começou o errado. Combinaram três pontos e só trouxeram dois. Não estava disponível no momento. Mas era só ligar e solicitar a instalação, que estaria na mão (5 dias úteis). Ok! Fazer o quê? Ficaram então dois pontos conectados mas, um deles, o da TV HD falhou. O sinal não chegava. Nisso eu já havia ligado e re-ligado ao SAC da TVA. Solicitei o técnico, viria entre 19 e 22 horas. "Alguém tem que esperar na residência". Disse a telefonista. Esperei, ninguém chegava. Quinze pras dez. Ligo no SAC da TVA. "O técnico está próximo a residência senhor. É só aguardar". As 22 horas e cinco minutos, ligo novamente. O telefonista diz: "Foi remarcada para amanhã". Desacreditei, eles simplesmente não conseguiram fazer o básico. Venderam TV a cabo, mas não conseguiram instalar o combinado. Aquela irritação de ligar, às vezes cair a linha, tem que ouvir a secretária eletrônica de novo. Um sufoco total. Me irritei, desiludi e cancelei a compra. Obrigado TVA pelo menos a me ajudou a economizar dinheiro, até eu fechar contrato com o concorrente. 

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cúpula Presidencial ao Empreendedorismo - Presidential Summit on Entrepreneurship


No dia 27 de abril de 2010 eu desembarquei nos Estados Unidos da América, mais precisamente em Washington D.C.. Havia 20 anos que eu não entrava no território do tio Sam. Fui a convite do Consulado daquele país, em São Paulo para participar da Cúpula Presidencial ao Empreendedorismo, promovida pelo governo Obama. A cúpula reuniu empreendedores de todo o mundo, na maioria muçulmanos. O intuito do governo Obama é estreitar as relações com os muçulmanos de todo o mundo. Lá havia muçulmanos do Oriente Médio, Ásia, Europa, África e América Latina. Empresários e novos empreendedores puderam palestrar contando suas experiências e vitórias. Novas idéias de jovens empreendedores muçulmanos vieram à tona mostrando a capacidade que os novos muçulmanos têm de realizar negócios e projetos que se enquadram dentro do caráter progressista que o mundo necessita para que se encontre a paz e a verdadeira e necessária democracia. O slogan da cúpula foi "Um novo começo" em referência ao depoimento de Obama na Universidade do Cairo, no Egito. Sou bem cético em relação ao progresso nas relações entre árabes muçulmanos e americanos, tendo em vista as diversas ações militares que o tio Sam tem promovido nos países islâmicos, além do apoio ao terrorismo de Estado israelense, chamado de segurança nacional. O muro que está sendo erguido para separar israelenses e palestinos exilados já está ganhando apelido de "O novo muro de Berlim". Esse tipo de coisa é retrocesso. Espanta partir de Israel uma atitude dessas, tendo em vista todo o progresso que alcançaram. A Presidential Summit on Entrepreneurship é um passo dado numa imensa estrada a percorrer. Toda caminhada, longa ou curta, começa com o primeiro passo, vamos ver se os andantes não se cansam antes de chegarem aos seus objetivos. Torço por isso e sei que o mundo também anseia por uma solução aos sofrimentos humanos. Enfim, a cúpula foi uma boa atitude dos americanos e, toda ação dos Estados Unidos, que concerte parte do imenso estrago causado pela gestão passada, nas relações com o mundo islâmico, é bem quista e contradiz as palavras de certos intelectuais que hoje bem dizem guerras.


Foto: Farah Pandit (Representante Especial das Comunidades Islâmicas, no governo Obama) discursa no segundo dia da Cúpula Presidencial.

Foto: André Lara

quarta-feira, 3 de março de 2010

Minha visita ao Porta-Aviões USS Carl Vinson


Dia 28 de fevereiro participei de uma recepção no Porta-Aviões USS Carl Vinson, da Marinha Americana, oferecida pelo governo dos Estados Unidos da América. O evento aconteceu no Rio de Janeiro, onde teve início no Píer Mauá. Ao chegar no píer fui recepcionado por militares americanos que me indicaram onde devia pegar uma das vans que levaram a mim e a outros convidados até o local onde embarcamos, numa balsa, a caminho do Vinson, como é carinhosamente chamado por sua tripulação. Ao embarcar subi as escadas características do navio e já me sentia numa superprodução de Hollywood. Dois helicópteros estavam estacionados na entrada do salão onde ocorreu o evento. No Teto bandeiras de muitas nações penduradas e, no centro, em cima do palco, as bandeiras dos Estados Unidos e do Brasil, as maiores de todas. Mostravam que o evento era uma troca de diplomacia entre os dois países. Ainda, dentro do salão, estacionado de canto estava o caça F-18, da fabricante Boeing, avião o qual o tio Sam está oferecendo ao governo brasileiro. Além da recepção foi oferecido um passeio pelo convés do USS Carl Vinson. Isso mesmo, eu andei entre os cinco helicópteros e 22 aviões, entre eles 12 caças F-18. Além disso, conversando com o Contra-Almirante Ted N. Branch, soube que, no Haiti, a tripulação do Vinson efetuou grandes missões humanitárias. Foram mais de 2.200 missões e graças a elas foram entregues quase 167 toneladas de alimentos, 337 mil litros de água e mais de 17,5 mil quilos em suprimentos médicos. Realmente me impressionou esses dados, pois quando se fala numa máquina de guerra não se imagina que ela exista, também, para salvar vidas. O Porta-Aviões tem 74 metros de altura, mede 333 metros de comprimento, 78 metros de largura, tem capacidade para transportar 60 aviões e 15 helicópteros, além de uma tripulação de 6.250 membros. A tripulação gigantesca é riquíssima em miscigenação étnica. Apesar de todos serem americanos, há a bordo tripulantes homens e mulheres, com ascendência árabe, árabe islâmica, latina, negra, judaica, entre outras. Uma prova de que todos podem trabalhar juntos independentes de credos, raças e cores. Ao fim me despedi do impressionante USS Carl Vinson, que seguiria viagem para o Chile, buscando realizar com sua tripulação mais trabalhos humanitários em socorro às vítimas do terremoto.

Foto: Salão onde foi realizado o evento a bordo do USS Carl Vinson
Foto: André Lara

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A energia pré-paga e o estrangeiro


Já estava em Cartum, capital do Sudão, havia quinze dias quando resolvi deixar o hotel de duas estrelas que estava hospedado para me mudar para um apartamento alugado. Não que a hospedagem do hotel fosse tão ruim, mas a comida, de certo, não era compatível com meu estômago latino. Junto comigo, outro brasileiro que também se aventurava por aquelas bandas aceitou dividir as despesas do novo ap. A rua era de chão batido como na maioria da cidade, moringas de barro cheias de água eram protegidas do sol por uma cobertura de tela e ficavam à disposição de quem estivesse passando por ali com sede. Entramos no prédio, subimos as escadas, não havia elevador, então chegamos à residência. Um bom local com uma sala grande, dois quartos, uma ampla cozinha, ventiladores em todos os cômodos e, com aquecimento central, o chuveiro era muito melhor do que o do quarto de hotel. Já instalado na nova morada, eram quatro da madrugada e eu assistia TV. Passava um antigo filme norte americano, sem dublagem ou legendas, onde o ator Nicolas Cage devia ter uns vinte anos. De repente, um blecaute. Fiquei as escuras e na hora pensei que havia ocorrido um apagão, o mesmo que enfrentara no Brasil um mês antes de minha viagem a África ou, até mesmo uma ação militar ocorreria na cidade. Afinal, vivem sob ditadura e saíram de guerra civil há dois anos. Olhei pela janela investigando o ocorrido e, no mesmo instante percebi que era um fato isolado. Todos tinham luz, menos nossa escura habitação. Ok, paciência, deveria ser um problema passageiro. Fui dormir. Para meu desgosto, após três horas de sono, fui acordado pelo meu amigo de apartamento que ao despertar se deu conta da falta de energia. Dizia que ao tentar indagar a dona do imóvel sobre o ocorrido, ela, a proprietária, uma grega árabe aparentando ter uns cinquenta anos, com um inglês pobre, dizia repetidamente que precisávamos comprar energia. Isso mesmo, energia pré-paga. Num país pobre primeiro se paga, depois se usa. Compramos energia para nosso apartamento com a ajuda do filho da proprietária, problema resolvido, energia comprada, “toquei a vida”. Fiquei avaliando tal medida e cheguei até a achar viável para evitar calotes e “gatos”. Também passei a reparar que pela cidade, as grandes lojas, as mansões, os prédios públicos e grandes empresas tinham grandes geradores de energia e que por ali o problema era facilmente resolvido. Daí, percebi que quem “pagava o pato” nessas horas era a grande maioria desprovida de recursos financeiros. Já às vésperas de minha volta ao Brasil, à tarde, recebi no mesmo apartamento a visita um amigo brasileiro que mora em Cartum. Assistíamos a um VT exibido pela TV árabe, do jogo Botafogo X São Paulo, brasileirão 2009. Meu amigo, flamenguista, recordou rapidamente meu coração tricolor paulistano que naquele jogo o meu “imbatível” São Paulo havia sido derrotado nos minutos finais e deixava o brasileirão ir embora junto à conquista do quarto título consecutivo. Além disso, conversávamos outros assuntos enquanto fumávamos narguilé. Críticas ao governo local, família, internet, educação, saúde, higiene. Idéias diversas ocupavam nossas mentes quando de repente, de novo o blecaute. Os ventiladores pararam de soprar para amenizar o calor de trinta graus do inverno africano oriental, a televisão desligou, também a geladeira, o micro ondas e qualquer dependente de eletricidade que estivesse ali, daquele momento em diante, não tinha utilidade. O crédito acabou. Precisava comprar energia novamente, mas os proprietários não estavam em casa pra nos ajudar. Naquele instante estávamos sozinhos, eu e minha visita e, apenas placas em árabe indicavam o procedimento para compra de mais energia. Não precisei me desculpar com meu amigo, pois ele sabe que eu não estava habituado a comprar energia, no Brasil é diferente. Apesar de ter muitos caloteiros nossa energia não é pré-paga e os “gatos” existem. Saímos ao fim de tarde para jantar num dos poucos bons restaurantes da cidade, localizado na grande avenida que há em frente ao aeroporto de Cartum e deixei o problema para ser resolvido mais tarde. De volta à noite, no escuro, arrumando minha mala para a volta ao Brasil, com uma lanterna de cabeça, consegui a ajuda de uma amiga, sudanesa, que fala árabe e português perfeitamente. Energia pré-paga obtida, problema resolvido mais uma vez, pelo menos para mim que estava de partida.

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Foto: Rua no centro da capital Cartum. No país energia é pré-paga, quem não paga na hora fica às escuras.

Foto: André Lara