Continuando a falar sobre as anistias, que livram a barra de militares que cometeram crimes durante as ditaduras na América Latina. Na FOLHA deste domingo a manchete “Família faz Uruguai repensar anistias” traz à tona a história de uma das vítimas das ditaduras, no caso do Uruguai, mas serve para todos. Mulher ativista política de 24 anos, presa por ser do movimento comunista dos Tupamaros, foi torturada e assassinada por militares. O laudo de óbito dos militares apontou suicídio, claro (igual ao do jornalista Vladimir Herzog). A família recorreu a justiça e conseguiu colocar os dois oficiais criminosos, um na ativa e outro da reserva, atrás das grades. Nibia Sabalsagaray é uma das vítimas da loucura que é dar poder sem limites a militares. Existem muitas Níbias que morreram nas mãos das ditaduras e que até hoje não tiveram a honra lavada porque a Lei de Anistia protege criminosos (não há outra definição).
No Brasil nunca será tarde para se criar um caminho como o seguido pela justiça Uruguaia. Não é possível que as dores e as injustiças cometidas contra a liberdade de expressão e ativismo político na ditadura ficarão sem condenação justa. O quê faz a justiça brasileira relutar tanto quanto à posição tão honrosa diante daqueles que são parte do país? São brasileiros afinal. Querem justiça.
Apesar de que, com tantos escândalos políticos ligados a corrupção do dinheiro público, pode-se desencadear futuramente uma revolta popular. Uma insatisfação sem precedentes poderia exigir a presença do exército nas ruas. Muito além das fronteiras das favelas. E como culpar quem poderia ser útil no futuro?
Sim, acredito num sem vergonha acordo entre poderosos para garantir sempre um apoio em caso de emergência. Afinal, temos uma oligarquia no poder.
Temo sim um futuro onde nem mesmo artigos como os meus possam ser escritos livremente, sem perseguição. O passado serve de aprendizado para o futuro.
Parabéns ao uruguai por fazer, nesse caso, justiça de verdade. Para terminar fecho com a frase do uruguaio Juan Sabalsagaray, irmão de Níbia Sabalsagaray, que serve para todos os governos que protegem criminosos: “É ilógico que exista essa lei. Minha irmã morreu e eu quero saber o que aconteceu. Estamos cansados de ouvir a histórinha do suicídio. NÃO HÁ NADA MAIS ANTIDEMOCRÁTICO DO QUE O ESTADO IMPEDIR A APURAÇÃO DE UM CRIME”.
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