segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O tráfico e o jornalismo


Não sei por que o jornalismo se encarrega de cobrir guerra entre traficantes e policiais, além, obviamente, do olho gordo em cima do ibope. Talvez algum interesse em divulgar quase que como matéria institucional as ações do governo ligadas à “segurança”, será? O tráfico de drogas no Brasil existe desde que me conheço por gente. E durante minha vida só o vejo crescer e novas drogas pesadas aparecerem, como o crack e o oxy, para piorar ainda mais a saúde pública e a vida de famílias que são destruídas.
A morte do cinegrafista, no Rio de Janeiro, deve servir de ponto de partida para avaliar o quanto vale a pena colocar jornalistas na linha de fogo de traficantes e polícias, no intuito de divulgar notícias que não fazem diferença nenhuma na vida cotidiana da população. Ficar gravando a guerra com o tráfico, só serve para “encher linguiça” e colocar em risco a vida de jornalistas, que não optaram em andar armados, mas que se colocam ali pela necessidade de trabalhar e levar sustento para casa. É muito triste saber que mesmo com a morte desse jornalista, ainda hoje terão outros arriscando as vidas para trazer ibope para o jornalismo, em cima de uma pauta esdrúxula como o tráfico de drogas. Sinto pelos amigos e familiares o ocorrido. Desejo aos outros que se colocam na situação para garantir o trabalho, boa sorte. Também desejo que os cartolas da comunicação reavaliem a necessidade de colocar a vida de jornalistas em risco em um assunto idiota, e que não traz nenhum benefício. Informação sem conteúdo, sem começo nem fim. Se um dia a polícia fechar a última boca de drogas, daí deveria se pensar se vale à pena arriscar a vida de jornalistas. Lembrem que ninguém faz faculdade ou estuda para ser cinegrafista para ficar na mira de pessoas que gostam de trocar tiros. Pensem nisso! Não há necessidade dessa apelação. Há muitas outras coisas para se colocar no ar do que isso, e que trariam informações com melhor conteúdo. Enfim, fica aqui minha indignação a esse beco sem saída que alguns colegas de profissão são colocados quase que diariamente.