A condenação do ditador argentino Jorge Videla à prisão perpétua esquentou a cabeça de muitos que gostariam de ver os torturadores e assassinos do regime militar no Brasil (1964-1985) serem condenados pelos atos deles. Porém a Lei de Anistia de 1979, que limpou a barra dos militares brasileiros, ainda é válida no país e tanto no governo FHC, quanto no governo Lula, nada foi discutido a respeito para anular tal lei. O debate em torno do assunto seria um passo para colocar fim à agonia de centenas de famílias, que até hoje sequer, sabem onde estão parentes desaparecidos durante o regime militar brasileiro.
O próprio caso do suposto suicídio do jornalista Vladimir Herzog, talvez, encontraria uma explicação mais plausível para a morte dele dentro de uma cela do regime militar.
Ao contrário do que já foi apontado pelo companheiro jornalista e colunista da FOLHA, Clóvis Rossi, por exemplo, penso que no governo Dilma Rousseff há sim que se levantar a discussão sobre o fim da Lei de Anistia.
Sem essa de que seria uma revanche ou mais popularmente conhecida vingança, do lado daqueles que um dia foram as vítimas. Como a própria presidenta eleita, vítima de tortura durante o militarismo. Uma possível anulação da Lei de Anistia faria nascer um caminho mais seguro para o crescimento da liberdade de expressão no Brasil. Fortaleceria mais a democracia e traria alívio para os que querem saber onde estão seus entes queridos, que durante o regime militar, na maioria das vezes, queriam protestar e expressar suas idéias políticas e acabaram sumindo, como se nunca tivessem existido.
Não é tarde, não há revanchismo, nem vingança. O que há é a necessidade de esclarecer verdades e resgatar a dignidade de pessoas que tiveram famílias, que vivem hoje com um vazio no peito e de outras que foram vítimas de torturas, espancamentos, estupros e outras atrocidades.
Que 2011 venha cheio de realizações e que um assunto tão relevante, como a queda da Lei de Anistia, esteja na pauta do governo eleito. Assim quem sabe poderemos começar a ver um país com um futuro verdadeiramente mais justo e seguro a todos.
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